terça-feira, 5 de junho de 2012

Edgar Morin



EDGAR MORIN
O ARQUITETO DA COMPLEXIDADE



Edgar Nahum nasceu em Paris em o8 de julho de 1921, filho de Vidal e Luna Nahum sua família é de origem judaica sefardita. A mãe de Edgar tinha um problema no coração e não podia engravidar, mas sua vontade de ser mãe era grande, então escondeu esse problema do marido e quando Edgar tinha 10 anos sua mãe morre e passa a ser criado pelo seu pai e pela sua tia Corinne Beressi, e como não tinha amizade pelo pai, passa a substituir a dor deixada pela falta da mãe pelos livros, é aí que nasce o espírito pesquisador de Edgar. Já na 5ª série começa suas primeiras discussões sobre política. Alguns anos depois quando se preparava para entrar na Sorbonne, a França é invadida por Hitler e precisou interromper esse sonho para fugir já que era judeu, assim trocou seu nome de Edgar Nahum para Edgar Morin. Passa a frequentar a biblioteca e lê tudo sobre sociologia, história e literatura contemporânea. Sua vida política foi marcada pela ousadia e determinismo, sendo sempre ativista em ações estudantis e em partidos de esquerda. Entre 1945 e 1948 casa- se com Violette Chapellaubeau com quem teve duas filhas: Irene e Veronique Nahum; É nomeado tenente-coronel e escreve seu primeiro livro intitulado “O Ano Zero da Alemanha”, dá baixa no exército; Edgar é convidado a trabalhar no jornal destinado aos prisioneiros de guerra; perdi a função com a saída do comunista Croizal; sem emprego passa a fazer free-lance, e passa os dias na biblioteca escrevendo o livro “O homem e a Morte”, é a partir dessa obra que Edgar passaria a formar sua base na cultura transdisciplinar em: geografia humana, etnografia, pré-história, psicologia infantil, psicanálise, história das religiões, ciências das mitologias, história das idéias, filosofia e muitas outras. 
 
Edgar Morin sempre foi e é um teórico e ativista da vida, do mundo e da educação, um educador, filosofo, sociólogo, formado em várias áreas do saber, um homem privilegiado que soube transformar a dor de várias perdas na vida em conhecimento, difundindo para todos os saberes e a complexidade da vida. Edgar tem um legado imenso de saberes, aprendizagens, lição de vida. É um educador e pesquisador que abriu um mundo a nossa frente.

SUAS PRINCIPAIS OBRAS

1946- Ano Zero da Alemanha; 1951- O Homem e a Morte; 1957-1962- Revista Argumentos; 1959- Autocrítica; 1965- Introdução à Política do Homem: argumentos políticos; 1968- Maio/68: A Brecha; 1969- Nova edição de Introduction A Une Politique de L’Homme; 1969- O Rumor de Orléans; 1969- o X da Questão: sujeito à flor da pele; 1974- A Unidade do Homem; 1973- O Paradigma Perdido: a natureza humana; 1975- Nova edição de Autocrítica; 1977- O Método 1: a natureza da natureza; 1978- Os Primatas e o Homem; O Cérebro Humano; Por Uma Antropologia Fundamental – Nova edição, desdobrada, da Unidade do Homem; 1980- O Método 2: a vida da vida; 1981- Para Sair do Século XX; 1982- Ciência com Consciência; 1983- Da Natureza da União Sovietica: Complexo Totalitário e Novo Império; 1984- Problema Epistemológico da Complexidade; 1984- A Rosa e o Negro; 1984- Ciência e Consciência da Complexidade; 1986- O Método 3: conhecimento do conhecimento; 1989- Vidal e os Seus; 1990- Pensar a Europa; 1990- Introdução ao Pensamento Complexo; 1990- Colóquio de Cerisy; 1991- O Método 4: as idéias; 1993- Terra Pátria; 1993- A Decadência do Futuro e a Construção do Presente; 1994- Meus Demônios; 1994- A Complexidade Humana; 1995- Ano Sìsifico; 1997- Amor, Poesia e Sabedoria; 1997- Uma Política de Civilização; 1998- A Cabeça Bem Feita: repensar a reforma e reformar o pensamento; 1998- Ética,  Solidariedade e Complexidade; 1999- A Inteligência da Complexidade; 2000- Le Défi du Xxe. Siècle.Relier La Conaissance; 2000- Dialogue Sur La Nature  Humaine; 2000- Relier les connaissances, Le Seuil; 2000- Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro; 2001- Jounal de Plozévet. Bretagne; 2001- O Método 5: a identidade humana; 2002- Pour une politique de civilisation, Paris, Arléa; 2002- Dialogue sur la connaissance, Entretiens avec des lycéens; 2003- La violence du Mond; 2003- Educar na Era Planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem pelo erro e incerteza humana; 2003- Les enfants du ciel: entre vide, lumière; 2003- Um Viandante dela complessitá, Morrin filosofo a Messina; 2004 – Diálogo sobre o Conhecimento.

SUAS CONQUISTAS, PRÊMIOS E HONRARIAS

Doutor Honoris das universidades vários países inclusive no Brasil; Vários prêmios internacionais, condecorações, medalhas, prêmio de Oficial da Ordem do Mérito da Espanha, homenageado com a Legião de Honra da UNESCO e da França. No México implantou o projeto do Multiversidade Mundo Real que leva seu nome e foi dedicada uma estátua em sua homenagem no prédio do Ministério da Educação. 


ALBÚM DE EDGAR MORIN






“Esperança não significa uma promessa. Esperança significa um caminho, uma possibilidade, um perigo.” Edgar Morin.








ESCOLA, ENSINO E APRENDIZAGEM

O sociólogo francês Edgar Morin propõe a religação dos saberes com novas concepções sobre o conhecimento e a educação. Para ele estamos na “Era Planetária”, onde estamos todos interligados aos sentimentos que se revela na interação de diversos fatores como o étnico, econômico, gráficos, religiosos, demográficos e muitos outros fazendo com que fique mais difícil entender essa Era, pois a global influência o local e, este é inseparável do global, então para Morin (2005) "A nossa vida cotidiana é determinada pela Era Planetária, por isso devemos conhecê-la para saber quem somos para saber aonde vai o mundo, aonde vai a humanidade[...]".
Defende a complexidade do pensar, enxerga a sala de aula e o cotidiano escolar como uma fonte de pluralidades culturais, sociais e econômicas, aborda a contextualização e a interdisciplinaridade como grandes possibilidades de aprendizagem e sinalizando a comunicação entre as disciplinas. Para Edgar Morin, o sistema educacional propõe um paradigma do que ele chamou de “simplificação”, pois se o ensino deve ser complexo, a escola simplifica e reduz separando o todo em partes, o que Edgar chama de “Princípio do Holograma”, na qual uma pequena parte representa o todo, porque faz parte da complexidade na Era Planetária.  
A Era Planetária quer dizer que os seres humanos dividem um mesmo destino e não podemos nos separar das aventuras da vida, mesmo sendo cada um diferente um do outro pelos pensamentos e pela cultura. Nessa realidade, ignoramos que podemos provocar um problema muito grande no planeta degradando-o e provocando as condições de nossa existência ao longo dos anos. Para Morin a espécie produz o indivíduo e este produz a espécie, sendo assim os indivíduos produzem a sociedade pelas suas influências, mas é a sociedade que culturalmente transforma os indivíduos em completamente humanos. Não nos é ensinado à maneira de pensar e isso torna as pessoas incapazes de idealizar e enxergar a unidade e a diversidade humana, embora os seres humanos ao visualizarem a unidade não veem a diversidade e vice-versa, é necessário pensar a unidade e a diversidade.
Somos todos seres integrais no sentido de sermos físicos, genéticos, técnicos, racionais, cultural e sentimental, então o homem é um ser complexo que atua em diversas áreas, mas sem conhecer o conhecimento. O homem tem que saber a viver a vida e vive-la não só tecnicamente, mas poeticamente no sentido de manifestar a sua personalidade, sua participação na vida, sua comunhão com os outros e com o mundo que o cerca e sendo sempre um curioso complexo. Quanto a isso Morin (2005) nos diz que '' portanto a literatura nos ensina a conhecer melhor o outro, enquanto a poesia é uma introdução à qualidade poética da vida que nos ajuda a entender que se nos emocionamos com poemas, é porque falam das nossas esperanças, de nossas verdades profundas, é dizer que o conhecimento não se encontra só nas ciências''.
É preciso se ter o conhecimento abstrato e o autoconhecimento, por isso é importante incentivar as pessoas a si conhecerem e se autoanalisarem desde a infância através do conhecimento e da consciência, porque o ensino é didático no sentido técnico, mas deveria ser também auto didático transformando os seres humanos em autônomos para enfrentar as dificuldades da humanidade. Esse trabalho é difícil porque nos acostumamos a culpar o indivíduo da sua própria miséria, por isso é mister aprendermos a compreender a si próprio para poder compreender o outro desenvolvendo assim afeição e carinho pelo próximo. O ensino na Era Planetária deve globalizar todos os sentidos citados acima, além de introduzir a interdisciplinaridade é necessário unirmos a várias outras ciências como as cognitivas, as culturais, as psicológicas e as psicoterápicas. Neste aspecto propõe transpor os desafios através da transdisciplinaridade, de forma a utilizar a globalização para produção de conhecimento. Dentro desta contextualização Morin, socializa a diversidade e complexidade, construindo aprendizagem e teoriza a modificação do ensino para as práticas pedagógicas tradicionais utilizadas pelo educador que reproduzem os conteúdos modificando métodos e transformando as práticas pedagógicas de ensino.

Escolhemos uma obra que perpassa muito sobre as concepções da Educação, Os Sete Saberes para Educação do Futuro, que traz alguns tópicos pertinentes:
Erro e a Ilusão, o autor relata que a educação visa transmitir o conhecimento humano e quando transmitimos, passamos também nossa ilusão e com isso erros na informação. Esses erros podem ser mentais, intelectuais e da razão. De fato o conhecimento não pode ser considerado uma ferramenta que pode ser utilizada sem que sua natureza seja examinada, da mesma forma, o conhecimento deve aparecer como necessidade, que serviria de preparação para enfrentar os riscos permanentes de erro e de ilusão. Em o Calcanhar de Aquiles do conhecimento: o autor fala de uma educação do conhecimento que não seja ameaçada pelo erro e pela ilusão nos quais são classificados como: os erros mentais; os erros intelectuais; os erros da razão; As cegueiras paradigmáticas; O imprinting e a normatização; A noologia: Possessão; O inesperado; A incerteza do conhecimento. Ele  fala  também da diferença entre a racionalização e racionalidade, Morin considera que a racionalidade é a melhor proteção contra o erro e a ilusão. Morin fala que o paradigma é que controla a ciência podendo desenvolver as ilusões. Para Edgar Morin a educação deve estar atenta para identificar a origem do conhecimento.
Saber Pertinente, é o conhecimento que permita englobar saberes, permitindo estabelecer relações como diz Morin (2000) “entre o global, o multidimensional e o complexo”. O conhecimento pertinente é isso um produto de um pensar complexo, sabendo operar com os princípios da complexidade, possibilitando religar saberes, então há essa grande necessidade de mudança na pedagogia atual que dá importância a quantidade de informações sozinhas e sem contexto e acaba esquecendo os aspectos humanos, como o sentimento, as emoções, as decepções, a cultura, para uma de conhecimento mais amplo, o educador precisa ser um especialista em conhecimento, compartilhando saberes e dando sentido a eles, trabalhar a comunicação e a informação a serviço do conhecimento para um mundo globalizado e multidimensional.
Ensinar a Condição Humana, Morin afirma que a educação do futuro deverá ser o ensino primeiro e universal, centrado na condição humana. Conhecer o humano é, antes de mais nada, situá-lo no universo, e não separá-lo dele como vimos nos capítulos anteriores. O “humano” está fragmentado em olhares isolados das próprias ciências humanas. E quanto mais estas avançam, isoladas, mais aumentam a ignorância do todo. O autor apela para que a educação do futuro cuide da unidade e da diversidade do ser humano e busque a articulação entre essas dimensões. O uno e o diverso devem andar juntos. O ser humano só pode ser entendido na articulação entre essas duas dimensões. Todo o ensino deveria considerar a condição humana como objeto essencial no trabalho educativo, unindo os diferentes olhares: os da ciência da natureza, ciências humanas, da literatura, filosofia e da arte. 
Ensinar a Identidade Terrena, segundo Morin ensinar a identidade terrena é aprender a estar na terra, significa aprender a viver, a comunicar, a dividir. Por isso, é necessário ensinar a Era Planetária mostrando como as partes do mundo podem ser solidárias retratando também que existiram e existem problemas que afetam a humanidade. Assim, é imprescindível mostrar as pessoas o complexo da Era Planetária a fim de ensiná-las que os seres humanos dividem um destino comum. Diante disso, as pessoas devem inscrever em si a consciência cívica, a ecológica, a espiritual e a antropológica que provém do exercício complexo do pensamento e nos faz criticar mutualmente e compreender o meio que nos cerca. O foco desse saber é salvar a diversidade e a unidade humana. Segundo Morin que considera o nosso planeta um turbilhão em movimento, é preciso criar nas pessoas um pensamento de pertencimento a humanidade planetária participando ativamente de forma solidária na sociedade, sabendo que todos os nossos atos e descasos influenciam o rumo do nosso planeta.
Enfrentar as Incertezas, Morin afirma que é necessário ensinar estratégias através das quais as pessoas poderão enfrentar o inesperado e os imprevistos. O autor diz que é importante aprendermos a lidar com as incertezas do conhecimento. Para Morin (2000) ‘’é preciso aprender a navegar em um oceano de incertezas em meio a arquipélago de certeza’’. Ele afirma que o papel da educação é fazer as pessoas aprenderem a lidar com as dificuldades do mundo, pois o principio da incerteza nos diz que existem coisas certas e incertas na sociedade. Assim, Morin afirma que os seres humanos se preparam diante das incertezas que os cercam através do pensamento. Morin chama a história humana de aventura desconhecida e diz que a inteligência deve deixar de tentar antecipar o destino humano.
Ensinar a Compreensão, implica em compreender a comunicação humana a identidade terrena numa visão planetária. Buscando entender a educação e compreende-la em uma dimensão em que conviemos no mesmo mundo, e aprendemos o valor dele, dimensionando que tudo estar liga e interligado em todos os sentidos, visando à importância da educação e os saberes para compreender os diversos níveis da complexidade em que vivemos, tornando-as um objetivo comum que é a educação para humanidade. Buscando compreender a unificação dos indivíduos, propondo que as relações interpessoais, cooperam para a melhoria das convivências entre os seres humanos minimizando assim, a incompreensão, o racismo, da xenofobia, o desprezo entre outros.  Assim sendo, construindo uma estrutura segura para uma educação e para a paz, que tanto almejamos mediando em um só consenso viver transformar a intolerância. Para essa compreensão é necessário uma ética, que nos leva a arte de viver e conviver juntos de maneira desinteressada compreendendo a incompreensão do outro.
Ética do Gênero Humano, isto é a antropo-ética quer dizer a ética do indivíduo, da sociedade e da espécie, formando uma trindade que não podem ser separadas, porque a ética depende da cultura e da natureza humana. O homem precisa desenvolver a ética como autonomia pessoal que é a nossa responsabilidade e ética como participação social que a responsabilidade social, pois todos nós compartilhamos de um destino comum que é a democracia, pois o cidadão precisa se sentir solidário e responsável para nos levar a cidadania e o poder da tomada de consciência social, porque existem muitas causas importantes para o destino da humanidade em suas contradições, suas complexidades e suas plenitudes.

O que Edgar Morin nos quer dizer nos sete saberes sobre a educação, é que devemos nos amparar numa educação complexa que interligue todos os buracos deixados soltos por muito tempo, para podermos ter uma consciência crítica e cuidarmos do planeta em que vivemos. Afinal, estamos na Era Planetária, e só uma educação complexa poderá nos transformar e é nos transformando que poderemos modificar a sociedade e consequentemente cuidar do planeta com todas às suas complexidades, inclusive a nós mesmos, que fazemos parte dessa grande nave como Morin mesmo nos sinaliza.
 
“Devemos conscientizar a todos sobre essas causas tão importantes, pois estamos falando do destino da humanidade”. (Edgar Morin)




Os Sete Saberes Necessários a Educação do Futuro




Indicamos os vídeos: Edgar Morin - Educação parte 1 e 2


Referências:

MORIN, Edgar. Os sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez, 3 a. Ed, 2001. Disponível em :

Cronologia Edgar Morin. Site Edgar Morin. Disponível em: http://www.edgarmorin.org.br/vida.php?secao=con Acesso em 12 de maio de 2012.

UNESCO, Paris, 2005 – Edgar Morin – Conferência do Ciclo Universo do Conhecimento. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=shOEPRPDZEY . Acesso em 19 de maio de 2012.




Equipe Transformação 


Fonte: Monica Queiroz


Aldaci Ferreira Figueiredo
Leonice Lima da Silva Santos
Lucilene Alcântara Oliveira
Maria Conceição Sales Santos
Maria Monica de Queiroz Pestana
Roseane de Jesus Dias










5 comentários:

  1. Trabalho muito gratificante, para toda equipe. Momento onde foi possível liberar a criatividade e os saberes de todos através da unidade e socialização dos conhecimentos.

    Valeu!!!!!!

    ALDA

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  2. As fotos de Morin são muito belas, gostei muito!!!

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  3. Trabalho riquíssimo em termos de aprendizagens e socialização. Edgar Morin realmente é um educador completo e complexo.

    Parabéns atodas.

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  4. Parabéns Turma,
    O Blog está ficando muito bom
    Os textos, as imagens e os videos muito bem colocados.
    Abs
    Paty Amorím

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